Não me contive!
Mais uma vez, não me contive...
Veio-me através de sons surdos, sonoros e vibrantes.
Quanto ardor! Em meu nome, em teu corpo.
Quantas vezes irei ressuscitá-lo? Quantas vezes?
Evite tudo àquilo que lhe causa dor;
O tomo em um só gole.
Minhas mãos agem a meu favor, num reflexo.
Meu corpo já não a favor;
Fisiologicamente, tornou-se necessidade.
Suas letras cheias de imagens... Cheias de febres, cheias de amor.
Para que teorias literárias? Para que explicá-lo?
Não se pode delimitar o sublime.
Basta sentir cheiros quentes...
Ouvir sussurros ao ouvido...
Sentir borbulho de sangue efusivo...
Ver jardins que emanam flores.
Olhe pela janela minha palidez...
Banho-me em um mar negro de estrelas que cintilam cores.
Mas elas não me tocam.
Minha palidez, dada por ti, tornou-se imponente.
Falta-me cor; falta-me seu toque.
Como podes dissimular ao dizer que mulheres não possuem almas
E que se possuírem estão inacessíveis aos filósofos?
Não lembras que escolheste escrever em minha alma?...
Assim jamais se apagou pela ação do tempo...
Só um filósofo a tocou... A descobriu, a inspirou, a revelou.
Conheces todas minhas faces intrínsecas,
Seu corpo as possuiu, as sorviu uma a uma com ardor...
Memorizando traços, roubando segredos, revelando laços, dispondo cores.
Sua branca palma revela...
Contornos de minha alma, lábios, olhos – marcados suavemente.
Imaturamente, negas tê-la tocado.
Em nossos momentos de fervor foi nela que tocaste com amor.
Ligando almas em única volúpia.
Fingindo um gozo - negando um encontro, uma descoberta.
Assim nossas almas tocaram-se... Tocaram-se... Amaram-se.
Demasiadamente, voluptuosamente...
Num elo de prazer, onde corpos figuram
Para almas fundirem-se.
Em uma carícia, que denominas posse.
A incúria da carne o fizera perder o encontro de almas.
O filósofo sentiu, possuiu, demarcou
E negligenciou.
Ela sempre esteve acessível ao filósofo,
Ao meu filósofo.
Ao seu toque com ardor!