quinta-feira, 28 de abril de 2011

Morrer para Eternizar

Nove casamentos e nove mil mulheres. Que mulher queria um homem desse pra si? Garanto que todas, sem exceção! Basta apenas conhecê-lo.

Mas não ficarei aqui exaustivamente tentando convencê-las, porque mesmo que conseguisse o convencimento não passaria de uma imagem pictórica do que ele realmente é.

Dizer que Pablo Picasso, Leonardo da Vinci e tantos outros renomados nomes da história da arte representaram fielmente em uma tela toda sua grandeza, sentimentos e emoções é um tanto inocente e imprudente, pois  suas grandiosidades estão  intrinsecamente em seus âmagos e nas pessoas que os sentiram. Suas obras foram simplesmente, pequenas demonstrações daquilo que é inefável, indizível e que não se é possível converter plenamente em linhas ou cores tingidas. Pois divindades podem ser vistas, sentidas... Mas não explicadas e representadas fielmente em traços ou cores.

Garanto que todas suas mulheres (porque sei que é assim que todas se sentem) que o conheceram consentem minha afirmação. E sei que não é correto dizer que suas mulheres o conheceram, conhecer deuses é um conhecimento que foge as nossas limitações mortais. Melhor dizer: a todas aquelas que o sentiram. Porque é a única coisa que eles nos dão e nos deixam, o sentir. E hoje, acordei sentindo no peito um esmorecer do alento das brigas unilaterais que tivemos para que não houvesse o nosso término.
Inventei de colocar o primeiro dos variados CDs que ele me deu. E... Os primeiros acordes harmônicos o fizeram adentrar pela minha sala... E permiti que ele e o cheiro de seus cabelos me invadissem... E descobri tudo aquilo que ele quis me ensinar pacificamente, mas minhas objeções não deixavam. Foi como abrir um livro e ver e ler auditivamente toda nossa história e seus ensinamentos.

Belchior testemunhou tantos momentos de primor, hoje, tem em seu timbre o poder da ressurreição. Seu carro preto ressurgiu parado em minha porta, num dia de sol com olhos misteriosos. Voltei a ver seus olhos colados ao para brisa - implorando minha subida e descida da escada milhões de vezes. Reli as mensagens em que você me pedia pra que o tirasse do vazio lugar em que se encontrava. E vi em seus olhos a tamanha saudade que sentias da cor dos meus...

Descobri que você não me deixou e que nem me abandonarás. Pois estás bem aqui, ou aonde eu estiver. Basta apertar o play ou meditar nossos momentos primorosos. Se estás comigo, não tenho mais o que temer, pois o levarei comigo até aonde a vida e a morte me permitirem ir...

Foram três meses e alguns momentos de amor e desejo efusivos. Três meses que equivalem e que descrevem o maior e mais belo sentimento que já coube em meu peito.
Não entendi e não quis a nossa separação. Você, como todas às vezes, explicava-me educadamente com palavras inteligíveis, mas que ao ouvido do meu amor eram incompreensíveis.

Seus olhos já visualizavam a perfeição e a necessidade da fotografia. Como qualquer mortal, cego diante da poesia e da filosofia: Não aceitei! Briguei! Chorei!... E me vi na plataforma da estação descrita por Rubem Alves sentindo a dor de ver você partir...
                                                        
 “A dor de quem fica é sempre muito maior... A dor da partida é maior que a dor da morte. Pois o morto foi contra vontade. Partiu me amando...”

Hoje meu amor entende. E quero, quero por o fim em toda magnificência dos momentos vividos ao teu lado. Antes que nossos traços humanos aflorem e destruam a beleza divinal de nossos poucos, ternos e eternos momentos.

                                                                   “A morte pode ser a eternização do amor. A morte fixa a bela cena, enquanto a partida destrói a bela cena.”


Tal como Aleijadinho você nos esculpiu e nos arquitetou para a morte. Pois a perfeição nada mais é que a morte. E nossa perfeição aconteceu, por isso é necessário a nossa morte – para eternizar-se. As coisas têm que serem mortas para ficarem prontas. E hoje nosso amor está morto, porque ficou pronto. Porque o pronto é o transcender do imperfeito para a perfeição.

E reconheci que há dias já estávamos mortos, há dias restava-nos apenas fotos. A morte garantiu a eternidade da nossa história através de ti. Tínhamos que terminar, pois já estávamos prontos.

O querer aos poucos se desprende de mim, nesta crônica que custa morrer. Querer aprisioná-lo em um só corpo é como aprisionar um pássaro em uma gaiola. Porque você não veio ao mundo pra ficar somente com um corpo e somente em uma alma... Assim como os pássaros não vieram para cantar para um único ser. Nenhum deus é exclusivo de um ser. Ainda existem milhões de seres o esperando, pedindo a Deus pra te encontrar, vai lá... Às conheça e as faça te sentir e existir. Não serei tão egoísta o quão queria ser, mas não tirarei a luz do universo de tantas mulheres. Vai...
Vai... Meu Mestre-Amor-Amigo.

Segue teu caminho com Deus, meu deus... E nunca se esqueça das suas flores.

2 comentários:

  1. Owww Bel.... Lindo o texto... Cheio de bons sentimentos, sentimentos que nos fazem sofrer mas que nos ensinam a viver... faz-nos pessoas melhores... "O amor é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse." "O vento sopra onde quer" Quando ele passa por nosso corpo, trazendo boas sensações, leveza, prazer, gozo... Vemos q vale pena viver... Mesmo sabendo q ele passará... Xeroooo Amiga!!!!

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  2. É lindo, é sofrido,mas nos deixa sentindo uma leveza, uma emoção forte. Desejos e sentimentos passados me tomaram ao ler essa crônica. Desejo sucesso a você!!!
    Meus parabéns!!!

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